Tem cor de merda, tem aparência de merda e tem cheiro de merda, é merda!
Você acorda de manhã, toma um banho, dá um gole no café e olha para o sapato. Observa que o couro já não tem mais aquele brilho, pega um “Nugget” e passa no sapato só para dar aquela tapeada do dia e o sapato volta a ter um leve brilho de outrora, mas no final do dia voltará ao preto fosco.
A caminho do metrô, uns 100 metros a frente um cachorro faz as suas necessidades matinais, nessa mesma distância você comenta consigo mesmo “a lá o cachorro cagando” e se distrai, pensa no jogo do seu time no final de semana e a 80 metros observa o cachorro atravessando a rua, se preocupa com os carros que podem atropelar o “dog” que atravessa a rua mais leve. A 60 metros, você começa a enxergar com mais clareza o peso que o cachorro abandonou e ainda pensa, “algum desavisado vai pisar nessa merda”.
40 metros e você já percebe que o cachorro cruzou com você do outro lado da rua, mas a “obra de arte” dele está lá, prestes a tomar os primeiros raios de sol do dia. Com 20 metros você já está pensando em um boleto ou em algum relatório que está chegando perto do prazo de entrega e o cocô do cachorro já começa a sair do seu campo de visão. A 10 metros de distância você olha para o relógio e observa que já perdeu tempo demais se distraindo com o cachorro e com as suas necessidades fisiológicas diárias e aperta o passo, rumo a merda.
A partir daí é uma contagem regressiva, de passos rumo ao transporte que vai te levar ao trabalho, nesses 5 segundos você esquece do cachorro, do que ele fez, da distância que percorreu e como se não tivesse visto ou percorrido aqueles 100 metros “mete” com toda a vontade do mundo o “pé na merda”, chega a dar uma escorregadinha, volta a se equilibrar e olha atentamente a sola do sapato. A primeira reação é xingar o cachorro, xingar o dono, xingar Noé por ter colocado o cachorro na Arca e profetizar “melhor amigo do homem é o C@#@+&;*”. Instantaneamente você tira o sapato do pé e observa o solado sujo, mas alguma coisa dentro de você, algo no seu instinto precisa se certificar, “será que é merda mesmo?”. Pois bem, você já sabe que é merda, tem cor de merda, tem aparência de merda, você inclusive viu o cachorro deixar o “pacote” ali e sabendo disso tudo você ainda cheira para ter certeza de que é merda de verdade, merda pura!
O texto é agressivo, você deve estar aí pensando que o autor é um nojento, mas esse tipo de coisa acontece diariamente em nossas vidas. Não o cachorro fazer as necessidades dele na calçada, no seu caminho diário, mas a quantidade de vezes que observamos que algumas coisas em nossas vidas “vão dar merda” e deixamos de seguir os sinais que a vida nos apresenta, muitas vezes com quilômetros de distância.
Nessa altura do campeonato você ainda lembra do “trato” que deu no sapato para ele ficar algumas horinhas com o brilho de outrora, mas não adianta, lá atrás, uns 40 metros de distância, o cachorro para a sua caminhada, olha na sua direção e abana o rabo levemente, feliz.
Nesse momento você para e pensa em como vai ser o seu dia, do jeito que começou, “vai ser uma merda”, principalmente pelo fato de você já ter colocado na sua mente que esse dia será assim, como começou. Mas a vida te deu sinais, amigo, a todo momento!
Muitas pessoas chegam até a perder a vida por deixar de prestar atenção nos sinais que a vida esfrega em nossas caras diariamente, em qualquer âmbito da vida, pessoal, sentimental, profissional e até mesmo espiritual. E você, consegue perceber os sinais que a vida te dá ou vive pisando “na merda” no mesmo dia e no mesmo horário?
Fonte: https://pt.linkedin.com/pulse/tem-cor-de-merda-apar%C3%AAncia-e-cheiro-%C3%A9-daniel-bragan%C3%A7a