Brasil e sua síndrome de Estocolmo na política nacional

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Na síndrome de Estocolmo Política, existem 4 efeitos psicológicos e físicos, que são perfeitamente alinhados com a devoção política

A Síndrome de Estocolmo é o nome dado a uma condição onde alguns reféns de sequestros desenvolvem empatia ou afeto pelo seu captor. Essa relação não funciona necessariamente para os dois lados, pois o captor muitas vezes demonstra desprezo e frieza em relação ao seu prisioneiro.

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Síndrome de Estocolmo é uma condição psicológica na qual vítimas de abusos passam a desenvolver simpatia ou até laços emocionais mais fortes com seus agressores. Um bom exemplo de como ela se desenvolve pode ser observado na série “La casa de papel”, entre a personagem Monica Gaztambide e Denver, um integrante do bando que a mantém refém.

O brasileiro vive algo parecido com a síndrome de Estocolmo na sua relação com a política e os políticos.

Não há pesquisa de opinião na qual a população deixe de apontar “os políticos” como sendo uma das categorias nas quais os brasileiros menos confiam. Ainda assim, reiteradamente, brasileiros das mais diversas categorias e perfis correm para pedir que o governo interfira em assuntos de seu interesse. E o governo, veja só, é comandado justamente pelos políticos. Ou seja, é comum o brasileiro pedir para aqueles nos quais ele menos confia interferirem cada vez mais em assuntos importantes para ele. Gerirem cada vez mais recursos que saem de seus bolsos.

A tal interferência pode ter vários matizes. Pode ser para os políticos definirem qual deve ser o salário de uma profissão. Pode ser para que digam qual deve ser o preço da gasolina. Pode ser para que controlem empresas de petróleo, de energia, de saneamento. Ou para que digam o que o seu filho pode ou não aprender.

Essas interferências tendem a ser péssimas, e não é apenas pelo infeliz histórico de casos de corrupção na política. Tendem a ser péssimas porque os interesses de quem toma a decisão (o político) e de quem paga por ela (você) ficam desalinhados. Explico: quando você, leitor, decide onde pedir uma pizza, por exemplo, sua escolha leva em consideração tanto a qualidade quanto o preço, e você só fará a escolha se achar que vale a pena. É livre para pedir em outro lugar ou até para abolir pizza do cardápio se a qualidade cair ou o preço subir. Quando é o político que decide, a qualidade deixa de ser tão decisiva se ele também não for comer a pizza. Ou o preço pode ser qualquer um, se a pizza for para ele, mas o bolso que a pagará for o seu. E se você achar que a conta não fecha, não há nada a fazer a não ser chorar, pois as decisões dos políticos obrigam todos nós, concordemos ou não com elas.

Acrescente nessa fórmula o fato de que, da mesma maneira que a maioria dos empresários quer manter suas empresas abertas e dos trabalhadores quer manter seus empregos, a dos políticos quer ser reeleita, e teremos o mais completo desalinhamento, com o político não apenas tomando decisões descuidadas no quesito preço-qualidade, mas também decisões capazes de comprometer totalmente o futuro do país em troca de um ganho de popularidade com um grupo ou categoria específico às custas do resto da sociedade ou um “agrada geral” com a conta a ser paga por todos no futuro.

Esse é o mecanismo que faz nascer o populismo, e o populismo é hoje o maior problema que o país tem para enfrentar. Desconfie pesadamente de políticos que te prometem benesses ou “coisas grátis”. Não se permita ser mais uma vítima da síndrome de Estocolmo eleitoral, que desconfia dos políticos, mas quer cada vez mais escolhas e dinheiro nas mãos deles. Afinal, o bolso que a pagará pelas escolhas deles será o seu.

Fonte [2]

No entanto, quando há, na percepção do refém, uma sensação de que seu sequestrador compartilha de valores semelhantes, essa sensação, associada ao medo, aguça o senso de sobrevivência. Assim, a vítima torna-se simpática ao malfeitor que lhe aprisiona.

O apoio altamente emocional, afastado de avaliações frias, claras e lógicas em relação a um determinado político gera uma situação análoga à síndrome de Estocolmo. Principalmente quando não há, por parte do político, a recíproca de sentimentos e sensações.

O pouco que foi ofertado por um determinado líder político a seus seguidores é interpretado como generosidade e bondade e não como obrigação que ele tem pelo cargo que exerce.

Na síndrome de Estocolmo Política (assim como na clínica), existem 4 efeitos psicológicos e físicos, que são perfeitamente alinhados com a devoção política, são eles:

  1. Cognitivo: existe uma confusão mental, geradora de uma memória seletiva, que leva a lembrar apenas de eventos que justifiquem a percepção positiva que se tem do “captor” político;
  2. Emocional: a dependência ao captor político e uma devoção quase religiosa ao que ele diz ou sente. No caso da na versão clínica, existe um sentimento de culpa por ter essa apreciação ilógica, porém, no caso político, o sentimento de culpa é substituído e surge uma satisfação por assumir o papel de apoiador do seu captor;

Na síndrome de Estocolmo Política (assim como na clínica), existem 4 efeitos psicológicos e físicos, que são perfeitamente alinhados com a devoção política, são eles:

  1. Cognitivo: existe uma confusão mental, geradora de uma memória seletiva, que leva a lembrar apenas de eventos que justifiquem a percepção positiva que se tem do “captor” político;
  2. Emocional: a dependência ao captor político e uma devoção quase religiosa ao que ele diz ou sente. No caso da na versão clínica, existe um sentimento de culpa por ter essa apreciação ilógica, porém, no caso político, o sentimento de culpa é substituído e surge uma satisfação por assumir o papel de apoiador do seu captor;
  3. Social: ansiedade e irritabilidade. No caso político, essa irritabilidade também surge quando o venerado é criticado, com ou sem razão. É o famoso “tomar as dores” do político, como se ele precisasse disso. Na realidade, é apenas a potencialização da doença;
  4. Física: se na versão clínica, um dos efeitos é o surgimento de problemas de saúde; na versão política isso também pode ocorrer devido à alta ansiedade causada pelo medo de perda da incorporação das “benesses” realizadas pelo político favorito e também pelo repúdio às críticas de terceiros.

De qualquer forma, a paixão desenvolvida por um líder político substitui as raias da lógica e ingressa numa fantasia apaixonada que só quem vive consegue explicar ou justificar. Há uma sensação de conexão pessoal com aquele indivíduo que mesmo tendo realizado coisas positivas dentro de sua obrigação (ressalto, ele não fez qualquer favor ao povo), trouxe mais mal do que bem.

A percepção desse mal, no entanto, é dissolvida e colocada como insignificante perante as ditas coisas boas que fez. Isso quando não são justificadas pelos pares como artifícios necessários para a realização do “bem coletivo”. Passam a agir como se fosse correto apropriar-se privadamente de algo para executar benefício a algum grupo, que, por sinal, são exatamente aqueles que o defendem.

Quando um indivíduo se encontra nesse ponto, ele está envolto numa Síndrome de Estocolmo Política e seu papel de refém se torna prazeroso, pois, além de trazer um sentido, por incrível que possa parecer, gera a sensação de relevância por fazer parte de algo não compreendido pelos outros, e considerado por eles como histórico.

Fonte [1]

Fonte [3]

 

Fonte [2]: https://guilhermedacunha.com.br/2022/07/15/sindrome-estocolmo/
Fonte [1]: https://veja.abril.com.br/coluna/noblat/sindrome-de-estocolmo-na-politica-nacional/

Fonte [3]: https://www.historiailustrada.com.br/2015/05/getulio-vargas-amar-ou-odiar.html

Leia mais em: https://www.agazeta.com.br/artigos/lula-bolsonaro-e-a-sindrome-de-estocolmo-da-politica-nacional-0321