“Quem não deve não teme” – A mentira dos assassinos
Sabe aquelas mentiras que são repetidas tantas vezes que acabam entrando na cabeça das pessoas, como se verdade absoluta fossem?
É fácil citar alguns exemplos:
“Não reaja”
“A arma pode ser usada contra você”
“Manga com leite faz mal”
“Se você mata o bandido, você se torna um deles”
“Nós só cumprimos a lei, não a fazemos”
“Cadê os direitos humanos nessa hora?”
Este artigo trata de uma dessas enormes mentiras que o povo propaga sem pensar e, por sua vez, acerta um tiro no próprio pé, ao abrir mão de seus próprios direitos:
“Quem não deve não teme”
Ora, com base numa afirmação absurda dessas é possível forçar o cidadão que quer se mostrar probo a fazer qualquer coisa:
– Deixe eu ver o detalhamento da sua conta corrente, quem não deve não teme.
– Vamos invadir a sua casa, acabar com o seu sossego e mexer em todos os seus bens, mas não se preocupe: quem não deve não teme.
– Vou te revistar, enfiar a mão na sua genitália e te humilhar na frente da sua familia, cidadão, mas fica frio, quem não deve não teme.
– Registre a sua arma, quem não deve não teme.
O que os papagaios da mentira se esquecem é que são eles – os cidadãos honestos e não os bandidos – os maiores prejudicados por essa ânsia de provar sua probidade. E não sou eu quem está dizendo isso, é a História. Nunca é demais relembrá-la, certo?
Esse debate de “liberdade x segurança” não é novo. Mas vamos dar ênfase apenas ao século XX, para que ninguém pense que estamos tratando de fatos de tempos muito antigos, que não correm o risco de se repetir.
01
Em 1915, na Turquia, o bem intencionado Governo decidiu assegurar a soberania nacional e cuidar dos turcos. Para isso, resolveu se livrar dos armênios. Os armênios foram convocados para o Exército. Como eles acreditavam que “quem não deve não teme”, eles foram. Marcharam até morrer de fome ou sede.
Depois foram atrás dos armênios que sobraram. Como “quem não deve não teme”, eles haviam registrado suas armas, e o Exército soube exatamente onde atacar.
Resultado: Por acreditar que “quem não deve não teme”, um milhão e meio de armênios foram dizimados. O equivalente a uma cidade como Curitiba/PR inteira. Crianças, mulheres, gestantes, idosos. Todos mortos. Sem dever nada.
Você ainda acredita que quem não deve não teme? Então vamos a mais um exemplo.
02
Na União Soviética, entre 1917 e 1932, cidadãos acreditando que “quem não deve não teme” confiaram ao Governo suas armas, seu transporte e até seus alimentos. Na Ucrânia, Stalin cortou o suprimento de grãos e impediu a fuga do povo. Milhões morreram de fome, mas não sem antes recorrerem até mesmo ao canibalismo.
Quase 8 milhões de mortos de fome, propositalmente, pelo Governo. O mesmo que um país do tamanho de Israel. Sem dever nada.
Mas eu devo supor que você ainda acredita que “quem não deve não teme”, não é? Então vamos ao próximo exemplo.
03
De 1934 a 1976, foi a vez dos chineses descobrirem que a história do “quem não deve não teme” é uma grande farsa. O povo chinês é obediente por natureza. A disciplina e a servidão à família e ao Estado são características inerentes ao povo.
Em 1936, como “quem não deve não teme”, o povo chinês confiou toda a sua segurança ao Estado e abriu mão de suas armas. A partir de 1942 o Governo confiscou a produção rural levando o povo a morrer de fome. Cerca de 35 milhões de pessoas morreram nesse período, por acreditar que “quem não deve não teme”.
04
Não tem como falar em engodo e não esbarrar no nazismo. Hitler foi eleito em 1933, com o mesmo discurso que ouvimos ainda hoje: “o Estado vai cuidar de você”. As armas foram proibidas para os adversários políticos. Com as blitzes – essa mesma estratégia utilizada hoje nas barreiras policiais – os nazistas buscaram armas em todos que lhes conviessem. Afinal, quem não deve não teme, não é?
Ainda assim, haviam os cidadãos que não percebiam a trama. Entregavam suas armas para a polícia, como sinal de boa fé, afinal, eles não tinham nada a temer, ou tinham?
5 milhões de judeus, incluindo 1 milhão de crianças foram mortos. Sem dever nada.
21 milhões de pessoas morreram nas mãos de Hitler. Sem dever nada.
Veja que não se trata de uma opinião, são apenas os fatos. Inequívocos, inexoráveis. Quem não deve, tem que temer sim, e com razão. A História está aí para provar.
Por cerca de 10 vezes apenas no século XX, os cidadãos de boa fé foram enganados, e exatamente a sua boa fé foi usada como meio pra isso. Por acreditarem que “quem não deve não teme”, confiram no Estado. Respeitaram uma “autoridade” usando um uniforme e abriram mão de seus direitos mais elementares, como armas, propriedade e até liberdade, em busca de segurança.
E agora? Você ainda vai continuar propagando esta mentira do “quem não deve não teme”?
Fonte: https://defesa.org/dwp/quem-nao-deve-teme-sim-e-com-razao/