Filme de Leigh Whannell, de O Homem Invisível, é entretenimento puro com ação frenética num mundo distópico.
Na avalanche de conteúdos lançados toda semana, é comum deixar muita coisa boa passar batido. Felizmente, com a expansão de catálogo dos streamings, plataformas digitais oferecem uma segunda chance ao sucesso para obras que valem a atenção. É o caso de Upgrade: Atualização, filme de 2018 do diretor Leigh Whannell (O Homem Invisível) que, mesmo já estando disponível em VOD, ganhou mais uma oportunidade ao chegar à Netflix.
O Homem Invisível (2020) | Crítica
Para os fãs de terror, o nome de Whannell é conhecido por ser um colaborador de longa data de James Wan. No começo dos anos 2000, ele foi responsável por escrever a trilogia e estrelar o primeiro filme de Jogos Mortais (2002) ao lado de Cary Elwes (A Princesa Prometida). Depois disso, também atuou como o investigador paranormal Specs em Sobrenatural (não confundir com a série da CW), franquia inteiramente roteirizada por ele. Foi nela que, em 2015, Whannell fez sua estreia na direção, com Sobrenatural 3: A Origem.
O filme pode não ter sido um sucesso de crítica, mas foi lucrativo o suficiente para abrir portas para o cineasta, especialmente por ter sido produzido na Blumhouse Productions, produtora especializada em longas de horror com orçamentos modestos - e arrecadações milionárias. Em 2018, ao lado de Jason Blum, Leigh Whannell fez Upgrade, responsável por, enfim, emplacar seu nome como diretor em Hollywood.
Ambientado em um futuro próximo, o longa acompanha Grey (Logan Marshall-Green), um homem que é vítima de um ataque aparentemente sem motivo, por criminosos que matam sua esposa e lhe deixam tetraplégico. De luto, sem entender a situação e incapaz de se mover do pescoço para baixo, ele se torna cobaia de um tratamento experimental com a inserção de um microchip capaz de devolver seus movimentos. Ao descobrir que seu implante esconde um grande potencial para vingança, Grey vai em busca daqueles que estragaram sua vida.
Por ser um ponto de virada na carreira de Whannell, que só havia feito terror, é visível que o cineasta aborda o filme de ação de forma bastante experimental e divertida. Nada deixa isso mais visível do que o jogo de câmera, que tenta acompanhar a porradaria com movimentos rápidos e inusitados. Aliás, é aqui que ele desenvolveu a técnica responsável por muitas das melhores cenas de O Homem Invisível, projeto que comandou logo após Upgrade, em 2020. Em contraste com a violência frenética, Logan Marshall-Green também entrega entretenimento puro ao deixar sua aura de “Tom Hardy valentão” de lado por alguns momentos de ironia, confusão caricata e prazer perverso.
O universo do filme é outro destaque. Tanto na violência urbana, quanto na jornada do protagonista, há toques de RoboCop misturados com uma estética de submundo cyberpunk, banhada em neon, tecnologia moderna e sangue em partes iguais. Não é à toa que a Blumhouse percebeu o potencial da franquia, e já aprovou uma sequência em série de TV, que segue em desenvolvimento.
Elogiar Upgrade não é inédito. O longa foi muito bem recebido lá fora e, mesmo com atrasos, chegou ao Brasil para aluguel em plataformas digitais e até no catálogo do Telecine. Mesmo assim, com o alcance que a Netflix tem, é uma boa apontar obras que valem um pouco de atenção. E o nome de Leigh Whannell só vai crescer em Hollywood. Depois desse trabalho, o cineasta conquistou público e crítica com O Homem Invisível, o que lhe garantiu a cadeira de diretor e roteirista do remake de Fuga de Nova York(1981), clássico de John Carpenter. Com uma carreira muito promissora pela frente, vale a pena entender e apreciar onde foi o ponto de virada.
Upgrade está disponível para streaming no catálogo da Netflix, e também para compra/aluguel digital no Google Play, Apple TV e Looke.
Fonte: https://www.omelete.com.br/netflix/upgrade-atualizacao-leigh-whannell-vale-a-pena-assistir