Conheça o Mito da Caverna de Platão
O Mito da Caverna - ou a Alegoria da Caverna - é um texto escrito pelo antigo filósofo grego Platão.
Mito da Caverna ou Alegoria da Caverna é um diálogo platônico que alude à preponderância do conhecimento racional sobre o conhecimento vulgar.
A partir de um conto cheio de simbologias, Platão nos apresenta conceitos e situações que versam sobre a busca pelo conhecimento, em contraste com a ignorância e a manipulação.
Resumo do Mito da Caverna
Nesse mito,
Sócrates pede que Glauco imagine uma situação hipotética em que várias pessoas são mantidas acorrentadas no fundo de uma escura caverna subterrânea.
À frente dos prisioneiros havia apenas uma parede, onde eram projetadas sombras de figuras representando seres, animais e outros elementos.
Essas projeções eram feitas por outras pessoas (que podem ser denominadas como "amos da caverna") com o auxílio da luz de uma fogueira, que encontrava-se atrás da população acorrentada.
Os amos da caverna elaboraram esse esquema, acorrentando as pessoas desde o nascimento, levando-as a acreditar que são livres. Assim, eles os estimulam a trocarem ideias entre si e, inclusive, a escolherem um líder.
Como a única realidade que os prisioneiros conheciam era aquela, eles acreditavam que as sombras exibiam o mundo real, que tudo o que havia para ser explorado no universo eram as projeções. Então contentavam-se com aquele espetáculo e não tinham outras aspirações.
Fonte [1]
Nesta parede são projetadas sombras de estátuas representando pessoas, animais, plantas e objetos, mostrando cenas e situações do dia a dia.
Os prisioneiros ficam dando nomes às imagens (sombras), analisando e julgando as situações.
Por viverem toda a sua vida ali, acorrentados, tudo que os prisioneiros sabem do mundo é o que eles vivenciaram.
Fonte [2]
Entretanto, contrariando as expectativas, um dos prisioneiros começa a refletir sobre sua condição e percebe que existe algo de muito errado. Assim, um dia ele consegue se libertar e caminhar pela caverna, percebendo a fogueira, os amos e as silhuetas.
mito da caverna
Esquema explicando o Mito da Caverna
Ao olhar a luz da fogueira seus olhos ficam ofuscados, pois ele nunca tinha visto a luminosidade. Ele caminha mais e com dificuldade chega à saída da caverna, deparando-se com uma luz ainda mais intensa: a luz do sol.
O homem liberto, à princípio, sente um enorme desconforto, não consegue enxergar nada, pois a vida inteira esteve preso e seus olhos não estão acostumados com a luminosidade. Entretanto, aos poucos desenvolve um olhar capaz de lidar com o mundo exterior.
A partir de então passa a ver a realidade e viver outras experiências que não eram possíveis dentro da escura caverna.
Após um tempo explorando o novo mundo, o homem sente a necessidade de contar aos seus pares o que havia descoberto.
Então, no diálogo proposto por Platão, Sócrates diz para Glauco supor o que aconteceria se tal homem retornasse à caverna a fim de "abrir os olhos" de seus irmãos.
Fonte [1]
Voltaria para a caverna para passar todo conhecimento adquirido fora da caverna para seus colegas ainda presos. Porém, seria ridicularizado ao contar tudo o que viu e sentiu, pois seus colegas só conseguem acreditar na realidade que enxergam na parede iluminada da caverna.
Os prisioneiros vão o chamar de louco, ameaçando-o de morte caso não pare de falar daquelas ideias consideradas absurdas.
Fonte [3]
Eles chegam à conclusão de que o homem seria rechaçado por muitos dos prisioneiros, que não acreditariam nele e o tomariam como louco.
Fonte [1]
Esse diálogo proposto por Platão é realmente muito antigo, escrito cerca de 400 anos antes do nascimento de Cristo. Ainda assim, nos traz conceitos valiosos para entender o comportamento e anseios dos seres humanos até hoje.
Podemos traçar um paralelo com essa alegoria e a realidade atual no que diz respeito, por exemplo, à ânsia de adquirir bens de consumo, acreditando que assim será possível o preenchimento de um vazio existencial.
Os amos da caverna podem hoje simbolizar os políticos e grandes empresários, donos de verdadeiras fortunas que conquistam com a manipulação das pessoas e a venda de produtos e mais produtos. Seguindo esse raciocínio, é possível relacionar a publicidade e os modismos às sombras projetadas na caverna.
Fonte [1]
Como o Mito da Caverna se encaixaria nos dias de hoje?
Podemos transpor os escritos platônicos para uma interpretação sociológica da humanidade do século XXI. A humanidade parece ter se acostumado com a ignorância de tal modo, que há uma recusa geral por uma busca da verdade. As pessoas têm um oceano de informações por meio da mídia televisiva, da internet e das redes sociais, mas mantêm-se no nível meramente informativo, não buscando conhecer profundamente o mundo que habitam.
A política deixou de ser assunto de interesse da população. Quando a população parece interessar-se por política, o faz de modo superficial, sem buscar entender a essência daquilo que está em foco. As pessoas são levadas e enganadas facilmente por notícias falsas espalhadas na internet porque não se dão ao trabalho de investigar se aquilo que foi divulgado é real.
As pessoas acreditam nas manchetes sensacionalistas de veículos de informação que muitas vezes visam apenas a chamar a atenção do leitor/espectador, sem ler o conteúdo completo que a matéria traz.
A busca pelo prazer incessante, o hedonismo, a falsa ideia de felicidade e a vaidade são valores que as pessoas buscam passar pelas redes sociais, mas o conteúdo intelectual dessas pessoas, muitas vezes, é limitado a um patamar muito baixo.
O conhecimento, a verdade, o bem e a justiça deixaram de ser procurados pelas pessoas do século XXI, o que está, cada vez mais, soterrando a nossa sociedade na ignorância e fazendo de nós prisioneiros de nossa caverna, como os prisioneiros da alegoria platônica.
Como Sócrates supôs, quase no fim do diálogo com Glauco, o prisioneiro liberto poderia ser agredido ou até morto ao tentar resgatar os seus companheiros, que o julgariam como um louco, desvairado, por ir contra tudo aquilo que eles aprenderam como certo.
Em nossos dias, parece haver um movimento parecido, pois as mentes brilhantes, as pessoas que buscam o conhecimento profundo das causas, os cientistas, os filósofos, são cada vez mais contestados por pessoas sem nenhum conhecimento ou embasamento científico ou filosófico, que utilizam a opinião vulgar para subjugar o valor da ciência.
O predomínio da opinião rasa, do fanatismo religioso e dos extremismos tem dado lugar ao conhecimento obtido durante anos de evolução racional da humanidade. Estamos voltando, por vontade própria, para a caverna de Platão.
Os amos da caverna são as pessoas que manipulam os prisioneiros, ou seja, são as pessoas que, pensando que obterão benefícios, controlam e alienam o povo.
A busca pelo conhecimento, continua sendo, portanto, essencial para que um dia os seres humanos consigam alcançar a verdade e a libertação.
Fonte [1]
E Quantas vezes você já tentou ensinar algo útil aos seus colegas; melhor relacionamento interpessoal, noções básicas de gestão financeira, rotina ou postura, contou apenas com a verdade e foi rechaçado por isso?!
Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar. ~Friedrich Nietzsche
Fonte [4]
Fonte [1]: https://www.culturagenial.com/mito-da-caverna/
Fonte [2]: https://mundoeducacao.uol.com.br/filosofia/mito-caverna.htm
Fonte [3]: https://www.suapesquisa.com/platao/mitodacaverna.htm
Fonte [4]: https://www.pensador.com/frase/ODY5Mg/
Imagem: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/mito-caverna-platao.htm