4 Day Week

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O que você faria se tivesse um dia de folga a mais por semana?

Fonte [1]

A evolução da semana de trabalho de quatro dias

Quatro dias de trabalho, três dias de descanso, mais tempo com a família e, de preferência, com o mesmo salário. Já pensou?
É uma jornada semanal considerada ideal por muitos trabalhadores e trabalhadoras. Ela promete não só mais satisfação, como também produtividade mais alta. E olha, já existem vários lugares mundo afora que implementaram esse modelo de rotina. Neste vídeo, eu vou te contar onde o fim de semana ganhou mais um dia, como essa dinâmica funciona, e se ela é mesmo uma tendência para o futuro.
Fonte [2]

A reivindicação pela jornada diária de 8 horas, hoje padrão nas legislações trabalhistas, é atribuída ao galês Robert Owen.

No século 19, com o avanço do capitalismo e das reivindicações de trabalhadores, ele criou o slogan:
8 horas de trabalho, 8 horas de lazer e 8 horas de descanso.
Como naquela época os turnos de trabalho podiam chegar a 16 horas, essa frase parecia um sonho.
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As discussões sobre a duração da semana de trabalho não têm nada de novo. Já em 1926, a Ford Motor Company padronizou a semana de segunda a sexta-feira. A prática anterior era da semana de seis dias, com apenas os domingos para descanso.

"A teoria de Henry Ford era que os cinco dias [de trabalho], com o mesmo pagamento, aumentariam a produtividade dos trabalhadores, já que as pessoas se esforçariam mais na semana de trabalho mais curta", segundo Jim Harter, cientista-chefe de gestão do ambiente de trabalho e bem-estar da empresa de pesquisas de opinião norte-americana Gallup, com sede em Nebraska.

Em grande parte, comprovou-se que a teoria de Ford era correta. Nas décadas que se seguiram, a semana de trabalho de cinco dias tornou-se prática comum.

Fonte [4]

Ao longo dos anos, sindicatos, organizações trabalhistas e movimentos sociais reivindicaram redução na carga horária.
Em cada país o processo foi diferente, mas o direito a uma jornada de trabalho menor foi sendo conquistado aos poucos ao redor do mundo.
A criação da OIT, a Organização Internacional do Trabalho, parte do Tratado de Versalhes, em 1919, é um passo importante nesse processo.
Em sua primeira convenção, a OIT colocava como meta a adoção de um regime de trabalho de 8 horas por dia ou 48 horas por semana.

Fonte [1]

Exemplos

Inúmeros países já consolidaram ou pelo menos estão testando a semana de 4 dias úteis.

Atualmente, cerca de 86% dos trabalhadores islandeses têm direito a uma semana de quatro dias. E isso se estabeleceu há algum tempo, após uma fase de testes. Entre 2015 e 2019, a Islândia testou, com 2.500 trabalhadores e trabalhadoras, um projeto semelhante ao que a Bélgica aprovou. As jornadas semanais, no entanto, foram reduzidas de 40 horas para 35 ou 36, sem alterar a remuneração. A conclusão foi que o bem-estar dos funcionários melhorou significativamente, os processos de trabalho foram otimizados e a mudança estreitou a cooperação entre os colegas. Em grande parte, a produtividade permaneceu idêntica ou até aumentou.

Testes com uma semana laboral de quatro dias e pagamento integral foram realizados na Suécia lá atrás, em 2015. E as conclusões, neste caso, foram bastante ambivalentes.

Políticos suecos de esquerda acharam a implementação um tanto cara. Já as microempresas gostaram da ideia e adotaram até mesmo a redução da carga horária.

No caso da Islândia por exemplo, que eu mencionei há pouco, também foi relatado como desvantagem que era difícil agendar atividades em grupo, como dias de treinamento. Algumas pessoas também disseram que ficou mais complicado comunicar informações nas passagens de turno.
E será que um esquema assim poderia ser adotado por qualquer tipo de negócio? É uma dúvida comum.

De toda forma, dá para dizer que a flexibilização da rotina de trabalho é uma tendência, independente se com mais um dia de folga ou não. Segundo especialistas, ela alivia o perigo de esgotamento dos funcionários. E é uma maneira de evitar deslocamentos, o que economiza tempo e reduz o impacto ambiental de determinadas atividades econômicas.

Fonte [2]

Casos de sucesso no Brasil

Mas e aqui no Brasil, será que existe alguma empresa que já adotou o esquema de 4 dias de trabalho por semana? Sim, e a gente conversou com uma delas. A Crawly, uma empresa mineira de tecnologia que trabalha com busca e coleta de dados, adotou esse modelo assim que foi criada, em 2018.

"Hoje, na Crawly, todo mundo trabalha 4 dias por semana.
A gente faz uma jornada de segunda a quinta e a gente formatou isso daqui justamente para dar um pouco mais de espaço para as pessoas.
E a gente não cobra essa sexta-feira.

No início, uma das coisas que provavelmente é dúvida de muita gente é a questão da barreira
legal. E não existe nenhum impedimento.

O que gera estranheza para quem tá nesse modelo é que chega a primeira sexta-feira e todo mundo pergunta:
Mas a sexta-feira é livre mesmo?
Acho que é mais do ponto de vista do funcionário que está aplicando esses quatro dias do que da empresa mesmo.
Os benefícios que a gente observa mais claros eles são quanto a qualidade de vida e disposição das pessoas.

Esse dia livre ajuda a organização de rotina.

Os benefícios vêm muito por conta da qualidade de vida.
E a gente na empresa verifica isso com uma produtividade muito boa."

Fonte [1]

No Brasil, a empresa de produtos pet Zee.Dog adotou o modelo de jornada em março de 2020 para aumentar a qualidade de vida e a produtividade dos funcionários nos escritórios da empresa de São Paulo e Rio de Janeiro, além de Madri (Espanha) e Shenzhen (China).

"Com a carga reduzida, a qualidade de vida aumenta, o nível de estresse diminui e, consequentemente, a produtividade da equipe aumenta", afirma a empresa.

A semana de trabalho reduzida foi chamada de #NoWorkWednesday, em que os funcionários tiram as quartas-feiras de folga. A ideia permite que cada colaborador se organize nos 4 dias para entregar suas tarefas.

O desafio da empresa foi adaptar o modelo ao Brasil devido à grande quantidade de feriados. Mas foi decidido que, quando houver uma semana com feriado, a quarta-feira contará como dia normal de trabalho.

Pesquisa feita após a primeira semana da nova escala de trabalho mostrou que 100% dos funcionários ficaram satisfeitos e entregaram todas as tarefas dentro dos prazos.

Fonte [3]

Como a gente viu aqui, as reivindicações por melhores condições de trabalho são constantes no decorrer da história.
Então não é exatamente uma novidade que esse regime reduzido tenha sido colocado em pauta.

resultados

E o resultado foi um sucesso. Em países ricos, diz o relatório, há uma correlação forte entre horas de trabalho menores e produtividade maior. Os trabalhadores tendem a produzir menos quando estão cansados. E isso gera um ciclo vicioso, já que quando você produz menos, mais horas de trabalho são necessárias para cumprir uma tarefa. Sabe aquela sensação quando você trabalha mais do que deveria e começa a demorar muito mais para fazer até as tarefas mais simples? Pois é!

O estudo afirma que apesar das políticas de bem-estar social, a Islândia tem menor produtividade comparada aos vizinhos nórdicos, horas de trabalho mais longas e equilíbrio ruim entre vida pessoal e profissional. E os resultados mostraram que a redução de carga horária se refletiu em um ganho em todos esses aspectos.

A produtividade dos funcionários, por exemplo, aumentou em 40%, em parte porque as reuniões foram cortadas em 30 minutos na média.

Algumas adaptações tiveram que ser feitas para compensar as horas não trabalhadas. O número de reuniões foi reduzido e tarefas desnecessárias foram cortadas. Alguns turnos de trabalho tiveram que ser remanejados. O estudo também desafia a ideia de que reduzir a carga horária resulta em queda de produtividade. Pelo contrário, em alguns casos a produtividade até aumentou.

Os participantes dos estudos também conseguiram passar mais tempo com a família, fazendo tarefas caseiras ou exercícios físicos.
Além disso, o nível de estresse diminuiu e o de satisfação com o próprio trabalho aumentou.

Fonte [1]

"As recentes mudanças no trabalho aceleraram o movimento pelos quatro dias", segundo Alex Soojung-Kim Pang, que mora na Califórnia, nos Estados Unidos, e é diretor de programas da ONG 4 Day Week Global, defensora da semana de trabalho mais curta.

Para ele, "a pandemia deixou claro que podemos mudar radicalmente a forma como trabalhamos. A Grande Renúncia [a tendência que levou um número recorde de trabalhadores norte-americanos a deixar seus empregos durante a pandemia de covid-19] fez com que as companhias procurassem novas ferramentas de recrutamento e retenção [de funcionários]."
(...)

Contras

Mas Illingworth e Shepherd sabem que fazer todo o trabalho em quatro dias em vez de cinco pode ter um custo. O horário de trabalho obrigatório de Illingworth agora tem 90 minutos a mais todos os dias, de segunda a quinta.

"Trabalho das 8 horas da manhã às 5 da tarde, com um intervalo de 30 minutos para almoço", explica ele. "Precisamos cortar nossa hora de almoço pela metade. Mas eu me sinto mais renovado, mais concentrado e produtivo, trabalhando quatro dias a fio."

A pesquisa Gallup também encontra impactos positivos e negativos da semana de trabalho mais curta. Enquanto o bem-estar dos funcionários aumenta e o burnout diminui com a semana de quatro dias, também cresce a falta de comprometimento. Os trabalhadores que já se sentem desconectados da companhia ficam predispostos a afastar-se ainda mais, se trabalharem menos dias.

Alguns funcionários podem resistir à semana comprimida imposta pelo seu empregador, que pode ter mais horas de trabalho e menos intervalos. Outros podem já estar trabalhando a toda velocidade, o que significa que a semana de trabalho mais curta poderá prejudicar a administração da sua carga de trabalho.

Mas Illingworth acredita que esses "pequenos problemas de adaptação" podem ser corrigidos com o tempo. "O nosso local de trabalho tem uma atmosfera dinâmica", segundo ele. "Correr para terminar um trabalho na tarde de quinta-feira não acontece com frequência."

A importância do planejamento operacional

No momento, muitas empresas estão buscando novas formas de atrair e reter os melhores talentos.

Segundo uma pesquisa recente entre 4 mil trabalhadores nos Estados Unidos, 83% deles querem a semana de quatro dias. Isso aumenta a possibilidade de que as empresas corram em busca de uma semana de trabalho mais curta, idealizando mudanças de política substanciais de forma precipitada.

Fonte [4]

 

 

 

 

 

Fonte [1]: (BBC) https://www.youtube.com/watch?v=N0LlElT34
Fonte [2]: (DW) https://www.youtube.com/watch?v=yTQL6IGLU
Fonte [3]: (G1) https://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/noticia/2021/07/08/semana-de-4-dias-de-trabalho-veja-como-funciona-nas-empresas-que-ja-adotaram.ghtml
Fonte [4]: (G1) https://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/noticia/2022/03/30/as-consequencias-inesperadas-da-semana-de-trabalho-de-4-dias.ghtml