Você é uma pessoa neurotípica e está saindo ou namorando com um autista? Pois então precisa se educar a respeito de como eles se comportam em diversos âmbitos e situações. Neste artigo nos referiremos à pessoa como 'autista', mas como a Síndrome de Asperger pode ser considerada um dos espectros do autismo [1] , as dicas aqui servem para lidar com pessoas autistas em geral, sejam ou não 'aspies'.
Como os aplicativos de relacionamento podem ajudar um autista?
A verdade é que hoje em dia, a maioria dos relacionamentos começa na rede. Sites e aplicativos de relacionamento são
ótimas opções para conhecer pessoas novas, mas só use eles se for maior de 18 anos, combinado?
Antes de mais nada, tenha em mente que as conversas online, principalmente por mensagens de texto, são
mais difíceis de interpretar. Nesses casos não temos o tom de voz, a expressão facial ou outras pistas para saber
como a conversa está sendo recebida. Por isso, reserve um tempo para pensar em possíveis interpretações antes
de apertar o botão de envio ou de fazer um julgamento ou suposição sobre o que a outra pessoa disse.
Em um primeiro momento, considere as chamadas de vídeo para iniciar uma interação mais pessoal e
conhecer a melhor a pessoa com quem você está conversando. Se a conversa vai bem e o interesse é reciproco,
pode ser uma boa ideia chamar a pessoa para um encontro.
Quando o encontro for acontecer, avise alguém para onde vai e marque encontros em locais públicos, afinal,
sejamos realistas, não podemos confiar em todo mundo logo de cara.
É importante lembrar que se você está lendo essas dicas durante a pandemia de covid-19, que está acontecendo no
momento da publicação deste texto, é importante manter o isolamento social. Não saia para encontros
presenciais agora. Não coloque você ou as outras pessoas em risco. Essa não seria uma boa forma de começar um
relacionamento.
Autismo, relacionamento amoroso e hiperfoco
O hiperfoco é uma característica muito comum entre os autistas. Eles podem desenvolver interesses intensos em
determinados assuntos e até mesmo em outras pessoas.
O hiperfoco pode ser benéfico quando se trata de um conhecimento ou de uma especialização, mas costuma ser
mal interpretado se o foco é uma pessoa de interesse. Então, mesmo que você tenha a melhor das intenções,
nesse caso, tome cuidado com o hiperfoco. Mensagens repetidas e atenção em excesso podem assustar a outra pessoa
e afastá-la. Repare se a atenção está sendo correspondida antes de dar o próximo passo.Autismo, relacionamento amoroso e sensibilidade sensorial
Todos temos diferentes limites quando se diz respeito ao que é ou não é confortável. Principalmente entre os autistas,
é comum algum incômodo quanto a ruídos e outros estímulos sensoriais. Então, quando a hora do encontro
chegar, leve em consideração os estímulos do ambiente escolhido. Afinal, uma perturbação na sensibilidade
pode atrapalhar a fluidez do momento.
Ao mesmo tempo que você precisa se preocupar se o local é adequado para você, é importante perguntar quais são
os gostos da outra pessoa, afinal, o que é confortável para um, pode não ser para o outro. Mas não se preocupe
tanto com isso, certamente existe alguma atividade que vai ser agradável para os dois.
Além disso, se engana quem pensa que só os estímulos auditivos e visuais precisam ser levados em consideração.
Vamos conversar um pouco sobre o contato físico?
Toques e consentimento durante um encontro
O toque também é interpretado de forma particular por cada um, seja essa pessoa autista ou não. Não perca de vista
que não existe obrigação, de nenhuma das partes, de querer ou permitir que qualquer tipo de toque aconteça.
Quando o encontro vai bem, uma coisa vai levando à outra. Ou seja: se você está em um encontro que vai bem e existe
afinidade, talvez a pessoa comece a tocar suas mãos, rosto ou cabelo. Pode ser que ela tente até algo mais ousado,
como um beijo, por exemplo. Se você se sente bem com a situação, procure retribuir a esses toques para
demonstrar seu interesse. Em contrapartida, se a situação é desconfortável, se afaste.
Não permita que ninguém lhe toque de forma que você se sinta incomodado. Lembre-se: você está no controle e
sempre poderá dizer ‘não’. Mas, é claro, o mesmo vale para a outra pessoa.
Não avance os toques se ouvir uma resposta negativa ou perceber que a pessoa não parece estar confortável. Uma boa
forma de notar se o toque está sendo bem vindo é reparar se a pessoa está sorrindo e retribui ao carinho, ou se
ela parece “paralisada” ou se afasta.Como interpretar os sinais de interesse?
Os sinais de interesse envolvidos na paquera nem sempre são tão óbvios e claros, e pode ser difícil interpretá-los.
Inclusive, a dificuldade em entender os sinais que o outro dá não acontece só com os autistas.
Mas afinal, que sinais são esses? Separamos uma lista com 9 sinais de que uma pessoa pode estar interessada
em você. A lista é baseada no estudo da linguagem corporal. Por isso, repare se: 1
- Há proximidade corporal.
- Existe a busca por contato físico.
- A pessoa dá sorrisos prolongados para você.
- Ocorrem olhares prolongados vindos dela, mesmo a certa distância.
- A pessoa busca manter o contato visual durante a conversa.
- Ainda durante a conversa, ela tende a inclinar a cabeça para o lado constantemente.
- Quando sentada de frente para você, os pés ficam apontados na sua direção.
- Quando vocês se encontram, a pessoa ajeita o cabelo, a postura ou as roupas.
- Ela faz gestos que se parecem com os seus, como coçar a sobrancelha quando você coça, por exemplo.
É claro que, nem sempre, esses sinais podem ser levados ao pé da letra. O contexto é importante, portanto, se não
tiver certeza sobre como interpretar um sinal sútil, tente enviar outro sinal em seguida, como por exemplo tentar
encostar na mão do outro. Se houver uma reciproca, provavelmente há interesse.
Lidando com a rejeição
Ao se aventurar no mundo dos relacionamentos, saiba que ser rejeitado acontece. Pode ser dolorido e difícil de
entender os motivos de primeira, mas todos têm o direito de recusar uma conversa, encontro ou contato físico.
Algumas vezes tudo parece ir bem, até que, para uma das partes, não vai mais. Talvez vocês já tenham se
encontrado e pode ser até que já exista algum envolvimento emocional ou físico. Então, chega a notícia
desagradável: a pessoa quer terminar o relacionamento. Isso acontece com quase todas as pessoas que namoram
em algum momento da vida.
Você precisará aprender a lidar com a rejeição sem sofrer mais do que o necessário. Agora, nunca se esqueça que
sofrer após um rompimento é natural. Ficamos tristes, muitas vezes sem entender o motivo de tudo aquilo
estar acontecendo, mas devemos entender que o sofrimento também é uma oportunidade de
autoconhecimento.Não se envergonhe se precisar de ajuda para lidar com seus sentimentos. Busque conforto em sua rede de apoio:
terapeutas, familiares, amigos. Pessoas que te amam e querem seu bem podem fazer com que o momento difícil
seja superado com mais facilidade.
Afetividade, autismo e relacionamento amoroso
Embora não seja uma regra, é verdade que muitos autistas têm alguma dificuldade em expressar seus
sentimentos. Pode ser um pouco mais trabalhoso para a pessoa dentro do espectro estabelecer esses laços mais
íntimos, mas definitivamente não é impossível.
Através da terapia cognitiva comportamental, certamente você poderá descobrir formas criativas para
melhorar a interação, proximidade e intimidade com o seu parceiro ou parceira. Ao mesmo tempo, busque se
envolver com pessoas que respeitem a sua individualidade. Ter alguém ao seu lado só é valido quando a outra
pessoa se preocupa em respeitar e aceitar você como é.
Eventualmente, para o relacionamento amoroso funcionar os dois lados terão que ceder um pouco, e é importante
levar os sentimentos do outro em consideração. No entanto, se alguém está constantemente pedindo para que você
mude coisas sobre si para se adaptar a ela, pode ser um sinal de que esta não é a pessoa certa para você.
Esperamos ter ajudado de alguma forma aqueles autistas que procuraram por este conteúdo a fim de buscar ou
melhorar um relacionamento, ou até mesmo aos potenciais parceiros de autistas que desejam entender melhor a
relação entre autismo e relacionamento amoroso.
Fonte: https://www.autismoemdia.com.br/blog/autismo-relacionamento-amoroso/
Fonte: https://pt.wikihow.com/Namorar-uma-Pessoa-Que-Tem-S%C3%ADndrome-de-Asperger