Pobres no Brasil que são Ricos

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Quero mostrar neste artigo que muitas famílias brasileiras que se consideram pobres são na verdade parte da classe média. Em relação a outros países os pobres brasileiros podem ser vistos como pessoas ricas.

Em um artigo anterior mostrei que para ser considerado parte do grupo de 1% mais rico do Brasil você precisa ter um patrimônio líquido (valor de todos os seus bens, investimentos e dinheiro menos as suas dívidas) acima de R$ 1,4 milhões.

Isso significa que pessoas que se consideram classe média ou classe média alta são na verdade as mais ricas do país. Não será difícil encontrar servidores públicos, médicos, advogados, profissionais liberais, funcionários de boas empresas e pequenos empresários entre os mais ricos.

Quero mostrar neste artigo que muitas famílias brasileiras que se consideram pobres são na verdade parte da classe média. Em relação a outros países os pobres brasileiros podem ser vistos como pessoas ricas.
Aqui no Clube dos Poupadores temos uma grande audiência de moçambicanos e angolanos. Moçambique e Angola possuem a língua portuguesa como idioma oficial. Já recebi vários e-mails desses leitores que acompanham meus artigos, especialmente os sobre educação financeira e mudança de mentalidade com relação ao dinheiro.

Quero falar aqui sobre a mudança de mentalidade das pessoas mais pobres.

Recentemente assisti ao vídeo de um moçambicano que se surpreendeu ao assistir vídeos de brasileiros que faziam um “tour” por suas casas e se classificavam como pessoas pobres.

https://www.youtube.com/watch?v=_A1FbCQMjjc

Jacinto diz que é surreal para ele imaginar que uma pessoa pobre possa ter fogão na cozinha e chuveiro no banheiro.

O moçambicano médio utiliza fogareiros a carvão. Os moçambicanos pobres utilizam algumas pedras e lenha. O próprio Jacinto tem esse tipo de fogão e diz nunca ter tomado banho em um chuveiro.

Então Jacinto começa a refletir sobre as diferenças entre brasileiros e moçambicanos que possam explicar as duas realidades.
Mobilidade

Para Jacinto, enquanto o brasileiro prefere alugar um imóvel o moçambicano prefere construir ou comprar um imóvel. O Jacinto entende que alugar o imóvel é vantajoso para o brasileiro por existir mais liberdade para buscar oportunidades. A pessoa poderá se mudar para outro bairro, cidade ou mesmo para outro estado a procura de bons empregos.

Eu mesmo conheço vários exemplos de familiares e amigos que buscaram melhores oportunidades de emprego/negócios em outras regiões do país. Graças a isso conseguiram melhorar o padrão de vida que tinham.

Recebemos muitas visitas no Clube dos Poupadores de brasileiros que vivem em Portugal, EUA, Reino Unido, Japão, Alemanha, Canada e França. Provavelmente muitos desses leitores estão trabalhando nesses países na busca por uma vida melhor.
Ambição

Ele deixa a entender que, na opinião dele, falta ambição no moçambicano. As pessoas facilmente se satisfazem e se sentem realizadas quando conseguem uma casa muito simples, um veículo e comida para constituir uma família.

Ele diz que o brasileiro parece estar sempre insatisfeito com o que tem. Para ele, o fato do brasileiro ser livre para ter seu próprio negócio (sendo seu próprio chefe) o deixa sempre insatisfeito, no sentido de não se contentar com pouco e sempre ambicionar ter mais.

Para ele o Moçambicano se satisfaz com pouco e isso o limita.
Nivelando por baixo

Por fim ele levanta outro ponto importante. Quando o moçambicano se compara com seus vizinhos, que são tão pobres quanto ele, se sente feliz com o pouco que tem. Se todos os vizinhos cozinham no chão em um fogareiro de carvão vegetal, quando a pessoa consegue comprar o sonhado fogareiro, ela já se sente realizada. Existe um nivelamento dos sonhos por baixo. Isso lembra aquela ideia de que somos a média dos nossos 5 amigos.
Pobreza de dentro

Em resumo, no entendimento do Jacinto a pobreza no seu país também é uma consequência dos costumes, hábitos e da forma de pensar das pessoas.

É a ideia que tenho de que a pobreza precisa ser combatida de dentro para fora. Só conseguimos produzir, manter e multiplicar riquezas quando estamos preparados para isso. Cada pessoa é responsável pelo combate da sua própria pobreza, pois seu crescimento depende dela mesma.
Brasileiro perseverante

Agora vamos ver o vídeo da brasileira Katia que fez um tour na sua casa (que ela chama de barraco) em algum bairro (que ela chama de favela) em alguma cidade do Brasil.

https://www.youtube.com/watch?v=yho1xmD3WGY

Katia está muito feliz por ter conseguido economizar dinheiro por vários meses para melhorar as condições da sua casa e por consequência melhorar o padrão de vida da sua família. Katia tem chuveiro elétrico e fogão a gás em casa.

No início do vídeo ela destaca a importância de guardar uma parte do que se ganha. Ela recomenda que as pessoas não desistam dos seus sonhos e diz:

“faça bico, venda picolé, geladinho, qualquer coisa… mas corra atrás dos seus objetivos. Tenha uma meta e vá atrás, sendo honesto, não tenha vergonha de ir atrás do que você deseja. Persevere que você vai conseguir…”

O Jacinto e a Katia perceberam onde está a origem de grande parte da pobreza que existe no mundo. O que nos limita está dentro de nós. Podemos resumir seus ensinamentos nos seguintes tópicos:

Tenha ambição;
Faça alguma coisa para gerar renda, empreenda e não tenha vergonha de ganhar dinheiro;
Trabalhe com honestidade;
Não gaste tudo que você ganha. Junte uma parte;
Faça tudo isso tendo objetivos e metas (objetivo é o que você pretende fazer ou alcançar e meta a especificação desses objetivos);
Persevere.

A ideia de perseverança vem do grego (hypomenō) e significa “permanecer, ser paciente enquanto espera, manter-se, tolerar, estar com os pés no chão e não retroceder”. O perseverante é aquele que pode suportar qualquer coisa com fervorosa esperança para atingir seus objetivos.

Existem pessoas que definem objetivos e correm atrás deles com perseverança e existem pessoas que vivem um dia depois do outro, sem sonhos, ambições e planejamento.

https://www.youtube.com/watch?v=Z-ApCKMHcVw

No vídeo acima a Katia fala sobre os primeiros US$ 550 dólares (mais de R$ 2.800,00) que ela recebeu do Youtube quando eles começaram a divulgar anúncios em seus vídeos. Ela fala sobre os 3 anos que perseverou no canal sem ganhar nada e sem qualquer ajuda. Na verdade, amigos e familiares a motivaram a desistir e até a chamaram de maluca. Para essas pessoas ela disse:

hoje vim aqui dizer para vocês que me chamaram de maluca que a maluquice deu certo. Era maluquice para você, mas para mim não era.

Sempre que você começar a mudar o seu modo de pensar e seu modo de agir para ganhar mais, poupar mais e investir melhor com o objetivo de crescer e prosperar na vida, vão aparecer pessoas próximas tentando trazer você de volta para baixo.

Esse mecanismo perverso onde quem está no fundo do poço segura nos pés de quem está tentando sair do poço, colabora para a perpetuação da pobreza em todos os sentidos.

A grande desigualdade está na falta do conhecimento que permite ganhar, poupar e investir.

 

Fonte: https://clubedospoupadores.com/independencia/pobres-ricos.html